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Rio+20, Sustentabilidade, Redes Sociais e Consumo Colaborativo

Por Flávio Mendes
Flávio Mendes é Especialista em Portais em Redes Sociais, trabalha na IBM há 17 anos, dos quais 15 na área de software, mais especificamente em Soluções de Colaborações.

Nosso atual modelo de consumo de produtos e serviços nasceu nos primórdios da civilização, foi profundamente alterado no final do século XIX, com a Revolução Industrial, e foi gradualmente ajustado durante o século XX. Além disso, foi fortemente impactado pela produção em massa e pelo marketing de consumo. Ele induz ao consumo, mesmo daquilo que não necessitamos. Desta forma, é comum que produtos sejam comprados e pouco utilizados. Uma perfuradora, por exemplo, é utilizada, em média, por 12 ou 13 minutos em sua “vida útil”, ou seja, praticamente nada. Na verdade, o que queremos é o buraco, e não a perfuradora. Da mesma forma, queremos a música, e não o CD, o filme, e não o DVD, e por aí vai.

O que está errado por trás disso é que a produção de um produto qualquer consome recursos naturais, energia e mão de obra em uma escala enorme, poucas vezes conhecida pelo consumidor final. Em um momento onde se busca um maior equilíbrio para melhor administrar os impactos ambientais em nosso planeta, como o caso da Rio+20, que começa hoje no Rio de Janeiro, o crescimento do uso do modelo de “Consumo Colaborativo” aparece como uma nova via, uma excelente alternativa, levando-nos do hiper-consumo do século XX para uma nova realidade, no século XXI. O impacto potencial é enorme, tanto em termos culturais quanto econômicos, tudo isso em uma escala nunca antes imaginada. O que torna isto possível? A infraestrutura que temos atualmente, em termos de tecnologias de Redes Sociais e de Tempo Real, associadas a mudanças culturais profundas.

Basicamente existem três formas distintas de Consumo Colaborativo:

– “Mercado de Redistribuição” – é onde pessoas compartilham, ou trocam, produtos que não usam mais. É como se fosse um grande bazar online, sendo que, em tese, não existe troca financeira, apenas de produtos, como se fosse um escambo. Desta forma, ampliamos a vida útil de um produto ao permitir que outra pessoa use algo que não estamos mais utilizando. Ao fazermos isso, evitamos que seja necessária a produção de um novo item, economizando matéria prima, energia e mão de obra.

– “Estilo de vida Colaborativo” – trata-se de um sistema um pouco mais complexo, onde pessoas trocam bens não necessariamente materiais. Como um exemplo, um médico poderia dar consultas para uma determinada comunidade e, em troca, receber hospedagem por um período de tempo. Um exemplo interessante ocorre na Inglaterra, onde pessoas que têm interesse em cultivar sua própria comida, mas não têm terreno para isso, podem fazer contato com outros que têm terra disponível. O site, chamado LandShare, já tem quase 70 mil membros.

– “Sistema Produto-Serviço” – Este é um modelo bastante interessante e que está ganhando espaço nas grandes cidades. Basicamente, a ideia é que você não precisa possuir um determinado “produto” para ter o “serviço” prestado por ele. Um belo exemplo é o caso dos alugueis de bicicletas no Rio de Janeiro. O BikeRio caiu no gosto do Carioca e, atualmente é utilizado de forma ininterrupta por cidadãos e turistas, a lazer ou a trabalho. Outros sistemas semelhantes existem em grandes cidades até mesmo para o aluguel de carros. Para se ter uma ideia, um carro é utilizado, em média, por apenas uma hora por dia!

O fato é que a proliferação do uso das Redes Sociais e das tecnologias de Tempo Real, com base em Smartphones e Tablets, estão dando um enorme empurrão neste novo modelo de consumo. Some-se a isso à recessão global por que estamos passando e temos um modelo bastante adequado para uma forma mais inteligente de consumo. Segundo Kevin Kelly, editor da revista norteamericana Wired, “access is better than ownership”. Afinal, para que possuir um automóvel e usar apenas uma hora por dia? Para que comprar uma furadeira e usá-la por apenas 12 minutos? Para que possuir uma coleção de CDs se o que queremos são as músicas?

É este novo modelo, o do Consumo Colaborativo, que promete trazer um novo equilíbrio para a economia mundial, trazendo uma nova dimensão para a sociedade.

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1 Comentário

Excelente reflexão Flávio!

O consumo colaborativo se apresenta como uma boa alternativa para implementarmos de fato uma economia mais sustentável.
Sou usuário e fã do projeto Bike Rio e vem tentando me educar em um consumo mais consciente. Um processo difícil e desafiante para as pessoas da minha geração, porém extremamente gratificante.

Um grande abraço
Silvana