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Não me Perguntem Por quê

Foi bastante noticiada a apreensão, na semana passada, da carteira de habilitação do senador Aécio Neves, por estar com o documento vencido e por se recusar a fazer o teste do bafômetro numa Operação Lei Seca, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

O que me causou indignação foi a resposta oficial que ele deu, afirmando que não achou necessário fazer o teste do bafômetro porque quando foi informado que sua carteira estava vencida, providenciou um condutor devidamente habilitado para dirigir seu veículo e, já que não dirigiria mais,  não achou necessário fazer o teste. Você deve estar se perguntando o que uma coisa tem a ver com a outra… Absolutamente nada. Esse tipo de resposta ofende minha humilde inteligência…

Fazendo um paralelo com nosso velho e conhecido mundo corporativo, foi fácil me lembrar das inúmeras (isso mesmo, inúmeras) situações em que ao indagar algo ao meu chefe, recebi como resposta uma afirmação que não explicava nada. No início da minha carreira, cheia de vontade de realizar e de fazer tudo certinho, não compreendia o que esse tipo de resposta queria realmente dizer e, humildemente, reformulava minha pergunta reconhecendo que de repente eu não havia sido muito clara. O posicionamento que, normalmente, vinha na sequência era a repetição da resposta dada acompanhada de uma certa rispidez.

Com o passar dos anos e dos chefes aprendi que quando eu fazia uma pergunta que buscava compreender determinada postura ou decisão e recebia uma resposta que não fazia sentido e que nada explicava, na verdade, era como se meu chefe estivesse respondendo mais ou menos assim: “Eu fiz, aconteceu, estou errado, mas não quero dar explicações…”. Ah, então, tá!

Esse aprendizado me poupou muito esforço e resguardou minha saúde e imagem em muitos relacionamentos hierárquicos. Mas me indignava muito perceber que, protegidos pelo cargo e poder, alguns gestores usavam essa brilhante técnica de forma sistemática e, o pior, em situações que, assim como no caso do Aécio, deveriam ser exemplo e defensores de certos comportamentos e decisões. Triste, né? Mas acontecia muito, melhor, acontece muito…

Mas o legal é que agora já percebo nesse tipo de resposta a confissão, a vergonha e a incapacidade de ser transparente. Assim… Aécio,  já entendi a nota publicada pela sua assessoria de imprensa, obrigada pela clareza!

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