O texto “Os novos cinza” é de autoria de Mônica Medina, convidada especial do Salada Corporativa.
O meu próximo livro, Os novos cinza, da mesma forma que meu primeiro livro, Humanos institucionais, tem o objetivo de debater e refletir as peculiaridades e excentricidades do universo executivo. A idéia é mostrar que os executivos estão se tornando cada vez mais institucionais e abrindo mão de sua dimensão humana nas empresas.
O “acinzentamento global” nos torna cada vez mais institucionais, e o dualismo “vermelho-cinza”, de que tanto falei em meu livro Humanos institucionais, vem, infelizmente, sendo substituído pelo “cinza-claro, cinza-chumbo”.
Como é triste ver líderes mais humanos serem obrigados pelo sistema a vestir armaduras, esconder a pele, para alcançar metas quase impossíveis e competir por mercados já saturados, com aqueles que há muito tempo já têm o corpo revestido de aço inox.
A falta de tempo, o excesso de desafios e as estruturas organizacionais tão enxutas, que já desidrataram, não deixam espaço para a emoção conviver sadiamente com a razão nas organizações.
O pior de tudo é que quanto mais resultados positivos são conquistados, mais o executivo é solicitado a ir além. O prêmio do guerreiro por ganhar várias batalhas não é o merecido descanso, mas a convocação para ganhar a causa impossível. E por mais que o executivo tente convencer o Olimpo sobre o risco de perder a guerra, ele é enviado para a arena como se tivesse obrigação de ser invencível, o que, não é raro, faz com que alguns acabem acreditando que realmente são invencíveis.
Ao perderem a batalha, mesmo que tenham alertado para o risco de isso acontecer, são criticados, penalizados e algumas vezes até demitidos, pois nas corporações não adianta fazer “saldo médio”. Você tem que vencer sempre. Nesse contexto, o clima organizacional, o trabalho em equipe, a qualidade de vida dentro e fora da empresa são arrasados. Ou seja, os vermelhos acabam se transformando em “novos cinza”, vermelhos que migraram para o cinza-claro.
Os novos cinza, diferentemente dos novos ricos – que buscam esquecer suas origens mais humildes –, têm orgulho de seu passado mais humano e tentam acreditar que no fundo continuam vermelhos.
As características principais dos novos cinza são a falta de tempo para tudo; a imaturidade emocional da tribo, a dificuldade de comunicação devido ao distanciamento dos demais mortais; a perda da identidade por causa do sobrenome corporativo, a insistência em gerenciar a vida pessoal, as dificuldades de adaptação após a perda do poder.
Esse processo acaba sendo muito sofrido, pois não é fácil, por mais cinza que o executivo possa ser hoje, esquecer do sabor de emoções vermelhas como o amor, o companheirismo, o carinho e a saudade.
São essas lembranças que tornam possível o resgate de alguns ex-vermelhos e a preservação e não extinção da espécie. Os novos cinza acabam descobrindo que é possível abrir um espaço no dia a dia para tirar a armadura, hidratar a pele, ser feliz e, assim, poder voltar depois à arena corporativa totalmente energizado para mais uma batalha cinza.
Um abraço,
Mônica Medina
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Fantástico Monica, estou vivendo este turbilhão na minha vida pessoal, estou confundindo já , minha vida pessoal com a minha vida de eexecutivo de um grande grupo, sou conhecido da Claudia Klein, Excelente este seus artigos.
Olá Paulo! Obrigada pelo comentário! Seu sobrenome e o nome da empresa não são o mesmo, por isso, você tem que ter paciência, persistência e perseverança para tirar a armadura corporativa sempre que possível. Monica. [email protected]
Mônica, seu texto acima me faz recordar das aulas que tive com o Mestre Celso Antunes, especialista em INTELIGÊNCIA, COGNIÇÃO e Ciências Humanas. E claro, no meu dia a dia no desafio de me olhar no espelho e me ver sem a armadura, ao menos no final de cada jornada…
Diz Celso Antunes que “cada vez mais vai ficando difícil retirar a armadura, e mesmo assim quando se consegue reitrá-la por inteiro as faces já ganahram o formato dela, as pessoas percebem que já não são as mesmas de outrora”…..
Bem, o aperitivo está ótimo mas quando teremos o livro na praça? Não nos deixe esperando muito mais.
Abraço.