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A centralização de mentes e corações

Marcelo Adriano SilvaMarcelo Adriano é Gaúcho e sua paixão por discutir as idiossincrasias do ambiente corporativo só perde pelo amor que sente pela dupla “As &las”, suas filhas Manoela & Gabriela.
É consultor de diversas organizações orientadas para o desenvolvimento empresarial, como ABDISEBRAEAPEX, atuando em estratégia, projetos e gestão. É Administrador de Empresas pela PUC-RS, Mestre em Administração pela UFRGS e com cursos de aperfeiçoamento no Japan Procutivity CenterÉcole des Hautes Études Commerciales de Paris e Comissão Econômica para América Latina e o Caribe.

O culto às personalidades corporativas iniciado nos primórdios do Século XX, com a emergência dos grandes magnatas empresariais, que se estendendo até o presente na figura dos grandes “gurus” da era da informação, tem revelado uma característica frequentemente comum a estes empreendedores: uma forte dose de comportamento centralizador.

Tendo o cuidado de analisar essa afirmativa à luz dos diferentes contextos organizacionais, percebe-se que, mesmo nos empreendimentos maiores, onde a hierarquia tem o objetivo de permitir um determinado nível de autonomia às partes, com frequência feudos se criam, em decorrência da ânsia dos gestores em dispor de controles sobre o seu ambiente de influência.

Agora, as hierarquias lineares nas organizações se veem desafiadas (ou ameaçadas ?!) frente ao comportamento menos suscetível aos formalismos corporativos característico das novas gerações de profissionais.

Se por um lado o ditado “pato novo não mergulha fundo”  pode ser adequado à definição da relação inversamente proporcional entre abrangência e profundidade do conhecimento dos jovens, é óbvio que essa característica também lhes impulsiona à alçar vôos mais freqüentes e diversificados, tornando os vínculos profissionais mais tênues.

Esse aspecto se mostra evidente na carência de oferta de mão-de-obra em setores tradicionais da atividade econômica, onde esta ainda continua sendo mais necessária do que a “cabeça-de-obra”.

Pode-se afirmar com razoável grau de certeza que a avidez por liberdade dos jovens profissionais é um fator tão determinante à sua motivação como o é a perspectiva de aprendizado e desenvolvimento pessoal. Isso coloca os líderes diante de uma “crise existencial”, na medida em que as características positivas do empreendedor caminham pari passu com um forte apego a suas convicções.

Dessa forma, o líder do presente, tanto quanto um educador e motivador, vai cada vez mais ter de agir de forma ecumênica, direcionando os esforços dos colaboradores não como fidelidade a um dogma, mas sim como um sincretismo de crenças individuais.

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1 Comentário

Muito bom o artigo!
Essa nova maneira de administrar/gerir pessoas é um baita desafio. O conflito de gerações Baby boomers, X e Y (e em breve a Z) intensifica o desafio. De um lado gerações com convicções moldadas em forte hierarquia e obediência e de outro os jovens em busca da liberdade que citastes. Entender as diferentes gerações é a chave. O que me pergunto é: Será que em 20 anos a geração Y saberá liderar a geração Z e próxima? Acho que isso passa muito pela maneira que estudamos administração que ainda é muito baseada em teorias século 20 e levamos isso como verdade absoluta. Administração é muito mais dinâmica e os desafios mudam a cada dia. Reforçando o que Mintzberg prega “Não se forma gestores em sala de aula”.