Por Maurício Rosa
Vice-Presidente de Operações da Facility
Sempre me considerei uma pessoa 5% inspiração e 95% transpiração. Isto quer dizer ser bem mais esforçado do que criativo. Acho que o talento e criatividade da família foram gastos nos genes do meu irmão e me ficou a parte esforço.
No mês passado, fui a um congresso onde tivemos uma palestra de um executivo da Disney sobre criatividade. Eu esperava que ele falasse sobre os gênios do desenho e do design gráfico, mas ouvi uma pessoa falando de comportamento dentro da organização, de processos, de motivação.
Isto me levou a rever o filme da minha carreira… Tive diversos chefes e poucos líderes, infelizmente. Estudioso do tema “Gestão”, fui, ao longo dos anos, percebendo uma mudança nos métodos de administração das empresas. Passamos a exaltar o trabalho em equipe, o brainstorming.
Hoje lembro, e aproveito para analisar, alguns episódios interessantes. Vem-me à memória uma reunião sobre métodos de organização, minha especialidade inicial de carreira, onde um gerente de RH resolveu convidar uma pessoa de treinamento para a reunião. Senti-me inicialmente indignado já que o peso dado à opinião desta pessoa foi o mesmo dado à minha, sendo eu o especialista da questão. Logo depois, fui convidado para uma reunião completamente fora da minha área de competência e pude opinar de forma aberta, tendo minha opinião respeitada. Confesso que rapidamente esqueci a primeira reunião e me senti um “ser” mais criativo.
Comecei a observar os dirigentes. Quando estes dirigentes mostravam uma grande paixão pelo negócio, compartilhavam seus valores, mostrando ter valores comuns e alinhados aos da empresa, isto reforçava a relação de confiança, os resultados eram ainda melhores, as pessoas se sentiam mais à vontade e começavam a… criar!
Apesar de ser um cara prudente, um dia me senti tão à vontade em uma reunião que pensei ter cometido um erro grave. Pedi a palavra e emiti opinião contrária ao do Vice-Presidente financeiro. Logo que cometi tal insanidade, pensei: “Sou louco! Perdi uma boa oportunidade de ficar calado”, “Você vai levar uma enorme bronca e ganhar um ponto vermelho na sua avaliação de desempenho”. Minha surpresa foi total ao ver o VP agradecer a opinião, anotá-la dizendo que teriam de aprofundá-la e ponderar sobre as divergências de forma assertiva, respeitando a opinião contrária. Saí dali meio “sem chão”, pensando que estava em outro planeta.
Aos poucos fui participando de mais e mais reuniões deste tipo, em que ia me soltando, me tornando mais participativo, mais atuante, incrivelmente mais criativo! Ué? Não estou entendendo? Afinal eu não me vejo como criativo!
Minha surpresa e alegria foram ainda maiores quando, ao final da proposta de um novo processo, o grupo estabeleceu métricas para acompanhar os resultados.
Aprendi que um processo de melhoria contínua compreende ouvir, aprender, medir, agir, medir novamente. Fiquei muito contente quando a alta hierarquia reconheceu a qualidade do trabalho do grupo e marcou um happy hour para comemorar! Os resultados foram colocados no jornal da empresa também!
Quando tive a oportunidade de assumir um cargo de responsabilidade eu já havia compreendido a enorme diferença entre ser um chefe e ser um líder. Um líder se responsabiliza pelos seus processos. Assim como a alta hierarquia, ele também mostra identificação com a cultura da empresa e traz inspiração à sua equipe. Ele desenvolve uma cultura criativa que leva a produtos e serviços inovadores.
Este conceito vem evoluindo ao longo do tempo e acrescentei a este entendimento do que é ser um líder outros aspectos como: gerar orientação e direção, buscar otimização, evitando desperdício e manter as equipes focadas.
E guardo como princípios de vida: RESPONSABILIDADE, DEDICAÇÃO, INSPIRAÇÃO.
Enfim, a palestra do executivo da Disney confirmou que a criatividade não depende somente de um “talento nato”, mas de um líder que cria o ambiente propício para que as pessoas deem o melhor de si.
Exelente texto, nos conduz a realizar uma auto-avaliação sobre como pensamos e agimos dentro de nossas empresas. Já li um outro artigo do Maurício anteriormente e recomendo fortemente que ele se torne uma figura presente no site. Grande abraço e parabéns pela matéria!!!
Oi Daniel: Obrigado pelo feedback !