Ano passado, devido à tragédia causada pela enchentes na Região Serrana no estado do Rio de Janeiro, um grupo de pessoas solidárias com a situação, resolveu fazer um verdadeiro mutirão de doações e, liderados por Letícia Verona, Flavia Constant e Paula Saldanha, mobilizaram-se de tamanha forma e criaram o Projeto Motirõ para construir casas e estufas em terrenos seguros, além de orientar os pequenos produtores rurais na recuperação de suas lavouras.
Essa iniciativa foi tão vitoriosa, que chamou a atenção de algumas instituições e, em outubro, a Fundação Vale passou a apoiar o Motirõ e em conjunto com o Instituto Paulo Saldanha, não apenas ajudou a finalizar as 4 casas inicialmente programadas, como também irá construir mais 12 casas na região.
Agradecemos a todos que acreditaram no projeto e fizeram a sua contribuição e, com um imenso prazer, divulgamos a carta endereçada aos doadores.
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“Caros amigos,
Esta carta é uma prestação de contas das organizadoras do Projeto Motirõ – Flávia Constant, Letícia Verona e Paula Saldanha – a todos os doadores. As 4 casas que nos propusemos a construir serão entregues para as famílias de Dona Zélia, Eloísa, Maycon e Aparecida em abril de 2011. Cada casa tem 42 a 48 m², dois quartos, estrutura reforçada em concreto, fundações e vigas de amarração.
Muitas coisas aconteceram nestes 14 meses e vale a pena registrar este percurso e contar a vocês os desdobramentos surpreendentes desta história.
Em fevereiro de 2011, começamos um projeto para construir casas coletivas e temporárias. O objetivo era permitir que os alunos da Escola Municipal Monsenhor Mario do Carmo Benassi, no distrito de Vieira, em Teresópolis, pudessem voltar às aulas, pois a escolinha estava sendo utilizada como abrigo às vitimas da enchente. Seriam três casas coletivas, construídas em regime de mutirão, e cada uma abrigaria 10 pessoas.
Fizemos uma campanha de arrecadação e, através do engajamento de vocês, rapidamente captamos o valor que julgávamos necessário para o material de construção.
Porém, os desabrigados mudaram o curso do projeto: ao invés de moradias coletivas, sugeriram que construíssemos 4 casas familiares. Estas famílias, escolhidas pela comunidade, usariam o dinheiro do aluguel social para comprar o terreno, uma solução inovadora e permanente.
Após uma longa busca por terrenos e uma negociação que esbarrou na especulação imobiliária, em abril os 2 primeiros terrenos, com 165 m² cada, foram comprados. A defesa civil atestou a segurança e finalmente as obras começaram. Os moradores batizaram suas novas moradias de Condomínio Motirõ.
Com excelente localização, no Km 35 da Estrada Teresópolis-Friburgo, na Serra de Vieira, os lotes têm, no entanto, um lençol freático muito próximo à superfície. Durante dois meses foram feitas valas profundas e construídos drenos, com tubulação apropriada e pedra de brita.
Outro problema enfrentado foi o saneamento de uma pequena comunidade de beira de estrada, acima do condomínio, que despejava esgoto a céu aberto. Com a ajuda das Secretarias Estaduais de Agricultura e do Ambiente, será instalada nesta comunidade uma pequena estação de tratamento de esgoto.
Devido às dificuldades impostas pelo terreno, a mão de obra que seria dos próprios moradores se tornou inadequada e contratamos profissionais especializados.
Tudo isto consumiu muito mais recursos que esperávamos e fizemos uma segunda captação, de novo rapidamente bem sucedida.
E as casas começaram a subir!
O projeto, independente e autogerido, ganhou a simpatia da população local, que também se mobilizou, fazendo almoços beneficentes para angariar fundos para as obras. Recebemos doações de telhas, materiais para acabamento, mudas de árvores…
Em outubro, fomos procurados pela Fundação Vale, que buscava uma organização para utilizar verba captada pelos seus funcionários em uma grande mobilização que se seguiu à tragédia na região.
Paula Saldanha, que esteve à frente da execução das obras, foi convidada a assumir um projeto maior, através do seu Instituto. O objetivo passou a ser entregar mais 12 casas além de finalizar as casas parcialmente construídas. O projeto deixou de ser uma iniciativa de um pequeno grupo de pessoas e passou a contar com a estrutura profissional do Instituto Paula Saldanha.
Hoje, após a entrega das 4 casas que originalmente nos propusemos a construir, estamos “passando o bastão” para o Instituto Paula Saldanha. Consideramos nosso compromisso com vocês concluído.
Estas 4 casas estão entre as primeiras a serem construídas para os desabrigados da tragédia em Teresópolis em todo o município. Nenhuma construção foi feita pelo poder público e muitas famílias ainda se encontram em situação precária e dependendo de programas de assistência. Entretanto, temos a alegria de constatar que com engajamento, perseverança e responsabilidade a sociedade civil pode fazer muito. E foi exatamente isso que aconteceu no Projeto Motirõ.
Agradecemos a todos pelas doações e os convidamos a continuar acompanhando os desdobramentos do projeto no site do Instituto Paula Saldanha e do projeto Motirõ.
Flávia Constant, Letícia Verona e Paula Saldanha.
Um agradecimento especial à FUNDAÇÃO CULTURAL CASA LYGIA BOJUNGA e VIVIAN OSTROVSKY pelas generosas doações.
RICARDO PIQUET, FERNANDA CASTANHEIRA e LIESEL FIGUEIRA possibilitaram a transformação deste projeto em algo muito maior com a adesão da FUNDAÇÃO VALE.
Agradecemos ao blog SALADA CORPORATIVA pela divulgação.
Agradecemos ainda a todos que através de seus contatos multiplicaram a mobilização. O caráter viral desta divulgação nos inviabiliza citar o nome de cada um aqui.
Em um episódio anterior e também muito importante o engajamento e mobilização das seguintes pessoas permitiu que 2500 botas fossem doadas pelas empresas VULCABRÁS e ALPARGATAS. Botas que protegeram os pés de adultos e crianças da lama contaminada:
Carla Schmitzberger
Fernando Porto
Flávia Constant
Flávio Nijs
Letícia Verona
Margarete Arantes”