O Rio de Janeiro está mesmo em festa, apesar das opiniões sobre os detalhes da operação de retomada do território da Rocinha, Chácara do Céu e Vidigal serem bastante distintas, há um sentimento geral de expectativa por dias de mais paz na cidade maravilhosa. O Brasil agradece.
Tirando os debates calorosos que rendem as UPP´s, a atuação do Governo e do Secretário de Segurança, o papel das polícias, moradores, jornalistas etc. Há um ponto que, acredito ser a pergunta que ronda a cabeça de todos. E depois? A retomada é anunciada, realizada, comunica-se que os moradores terão acesso à luz, gás, telefone, lazer, escola etc. Mas e a segurança continuará existindo? O que garante que, futuramente, uma UPP não vire a nova forma de controle e limitação abusiva do ir e vir desses moradores?
O Governador Sérgio Cabral após o anúncio oficial da retomada, falou aos jornalistas, muito acertadamente, que aquele era um dia para celebrar, para comemorar o grande feito realizado. Concordo! Ainda falta muito a ser feito, mas é imprescindível que vibremos com cada passo dado. É estímulo não só para nós, mas principalmente, para os que, localmente, bem conduziram a operação.
Mas lembro que deve ser exatamente, como fazemos no mundo dos negócios, uma meta foi alcançada, celebra-se e, imediatamente, foca-se no alcance da próxima. O longo prazo só vira curto prazo se houver o planejamento de uma sucessão de atividades e sua exemplar execução, com vontade, foco e disposição.
Acho que a Polícia Militar passa pelos mesmos problemas que milhares de empresas, públicas e privadas, pequenas ou grandes, nacionais ou multinacinais, conhecem bem. Todas enfrentam dificuldades na atração e retenção de gente boa. Mas há uma significativa diferença na forma de gerenciar o problema, falta disposição, motivação, compromisso futuro e apoio da alta direção.
Assim, pergunto a vocês:
- Quantos de vocês gostariam de fazer carreira na Polícia Militar? Porquê?
- Quantos de vocês que têm filhos iniciando sua vida profissinal, os incentivariam a buscar uma vaga nessaa corporação? Porquê?
- Qual imagem a populaçao tem dos que lá estão?
- Os que decidiram ser policiais militares o fizeram porque? Qual foi sua real motivação?
A saída está no repensar a polícia: instituição e pessoas. Redesenhar totalmente o seu papel, sua proposta de valor para os clientes (a população), o perfil dos profissionais, o processo de seleção, as competências necessárias, a experiência que precisam acumular, os valores que serão cobrados e demonstrados, a sucessão, a forma de reconhecimento e recompensa, tudo, absolutamente tudo.
Mas essa meta é, formalmente, de quem? Quem tem os respectivos indicadores de sucesso na sua “avaliação de desempenho”? Quem é o gestor do projeto que vai realizar o desdobramento dessa meta? Quem? Quem? Sabemos muito bem que uma meta que não vira compromisso não acontece e, que quando vira um compromisso tem que receber um “dono”.
O problema é que essa não é meta de um único mandato, demanda muito esforço para ser desenhada e não gera resultados positivos que sejam visíveis pela população no curto prazo, pelo contrário, muitas vezes seu impacto imediato pode ser visto como antipático pela população. Por isso, há o grande risco, que muitas vezes também testemunhamos nas empresas, de que os governantes priorizem de forma excessiva o curto prazo porque dá status e reconhecimento, em detrimento de ações que deveriam ser tomadas imediatamente para garantir a sustentabilidade do propósito da organização.
Por isso Cabral, volte sim a TV para celebrar o curto prazo, cada retomada de território, mas não esqueça de ligar para a Dilma e para o Lula para cobrar um compromisso formal de longo prazo, com nome, indicadores de resultado, dono e data! Quando você vier a TV para anunciar isso, vai se sentir muito mais recompensado.
Claudia Klein, uma carioca cheia de esperança…