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As Vítimas são os Culpados? Porquê?

Alexandre Felipe Vieira Mendes, o subsecretário de Estado de Governo da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e ex-coordenador da Lei Seca, foi exonerado ontem. Alexandre atropelou quatro pessoas, uma morreu no hospoital, com a acusação de que teria ingerido bebida alcoólica e estava em alta velocidade, fugindo sem prestar socorro às vítimas.

Seria mais um crime a ser julgado, defesa de um lado e acusação do outro, ambos apresentando argumentos e fatos que buscam, respectivamente, atenuar o ocorrido e condenar o acusado como forma de lição para o próprio e de intimidação para conter acontecimentos similares. Mas o que seria mais um julgamento nos mostra uma prática que tem sido recorrente: acusados e seus brilhantes advogados não apresentam argumentos de defesa, a fala deles traz a intenção cruel e planejada de desqualificar as suas vítimas.

Isso tem me causado profunda indignação, a constatação de que mais e mais pessoas que, ao errar e tentar minimizar sua punição, são capazes de mentir, criar argumentos fantasiosos que, na maior parte das vezes, denigrem a imagem de feridos e até mortos.

Vítimas ou Culpados?

Um atropela e diz que as pessoas estavam no lugar indevido, segue em alta velocidade e atropela outro, afinal a rua era cheia de buracos e sem iluminação. Não teria sido mais simples diminuir a velocidade e dobrar a atenção ao volante? Um policial, afirma que fez um desparo e matou uma moça que dirigia na saída de um túnel,  justificando com uma história inventada e absurda de que ela mantinha algum tipo de relação com traficantes da região.

São muitos outros exemplos de absurdos contados por pessoas que cometeram, intencionalmente ou não, algum tipo de crime e resolvem atacar suas vítimas. O pior é que se prestarmos um pouquinho mais de atenção, vamos identificar comportamento similar das pessoas em diversas situações do nosso cotidiano.

Pessoas que cometem erros e fazem de tudo para “criar” um culpado, são capazes de inventar uma história completa que aponta o “verdadeiro culpado”, causando constrangimento, dor, medo e muitas perdas. Encontramos esse tipo de gente no mundo do trabalho e nas nossas relações pessoais, infelizmente!

A minha indignação é dupla porque de um lado há uma pessoa sem valores, que não respeita o outro e desqualifica a vida. Mas essa indignação aumenta ainda mais quando percebo que há uma espécie de “ajuda” do respectivo ambiente para que essas mentiras sejam contadas, repetidas e continuamente apresentadas como verdadeiras. Há corrupção e proteção, por algum motivo e interesse.

Vergonha! Descaso! Crime! Dor! Raiva! Injustiça! Sentimento de impunidade!

Para mim, essa é uma das consequências da falta de educação moral, da desvalorização dos valores humanos.

Só nos resta indagar qual a responsabilidade das famílias, do sistema formal de educação, da educação religiosa, das diferentes instituições e, o principal, qual a nossa responsabilidade? O quê estamos fazendo ou deixando de fazer para que o resultado coletivo seja esse?

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O Alexandre Felipe foi exonerado hoje e vai responder por homicídio, não quer dizer que será devidamente punido. Sigo acompanhando o caso na expectativa de que as vítimas não se transformem, mais uma vez, nos culpados…

Com tristeza,

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